Escrito por: Gisele Valverde
Os livros e historiadores registram o 13 de maio de 1888 como o encerramento do período escravocrata mediante a assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel. Não é uma tarefa difícil olhar ao redor e entender que a luta pela resistência, ou melhor, sobrevivência do povo negro não foi extinta e sim, fragmentada em novos formatos.
Acervo: Museu Afro Brasil
Seja na implementação das empregadas domésticas como atividade essencial durante a quarentena de famílias de classe média, ou no processo de “uberização” de motoristas de aplicativo e prestadores de serviços, a contemporaneidade expressa a negligência de uma dor que impacta tanto quanto outrora. As pequenas prisões sociais ressaltam as correntes que saem da sombra a cada comentário racista e olhar opressor. Por este motivo a busca por conhecimento através das pesquisas e rodas de conversa é tão necessária, para que mesmo na minúcia, esses ataques possam ser identificados e prontamente, denunciados.
Não é preciso ser negro para combater o racismo, mas é preciso entender que isso se trata de uma reparação histórica e fundamental para as próximas gerações de crianças e jovens cientes de seu papel; quanto mais se aprende, mais é preciso aprender. E é a por isso que as redes sociais funcionam como grandes janelas para discussões de pertencimento, representatividade e também fortalecedoras das comunidades e redes de apoio. Pretos e pretas estão se amando, se reconhecendo e ocupando os espaços. Ressignificar o luto em luta é uma prática que só quem sente – literalmente- na pele, sabe a relevância.
Pode-se dizer que a abolição testemunhada aconteceu como um estalo para que se dê continuidade na luta. Olhos atentos, punhos erguidos e mentes pensantes.